quinta-feira, 29 de maio de 2014

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Com espírito empreendedor, jovem leva música da Savassi para o mundo

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Bruno Golgher, dono do Café com Letras: 'Como os gringos adoram a nossa música, percebi que fazia muito sentido levar gente daqui para apresentar a música instrumental brasileira lá fora' (Rogério Sol/Encontro)
Bruno Golgher, dono do Café com Letras: "Como os gringos adoram a nossa música, percebi que fazia muito sentido levar gente daqui para apresentar a música instrumental brasileira lá fora"
Há exatos 18 anos, três jovens amigos conversavam sobre o rumo que tomariam em suas vidas. Um dos assuntos em pauta era a possibilidade de abrir um misto de café e livraria, onde as pessoas pudessem até bebericar algum drink enquanto passavam o tempo, sem que isso chamasse muita atenção. Um dos integrantes do trio (os outros dois eram um casal) era um rapaz magro, estudioso, estilo intelectual, barba no rosto, interessado em arte, com olhar bem atento por trás dos óculos e disposto a fazer uma aposta de um novo negócio, mesmo sem muito planejamento. Esse jovem era Bruno Golgher, então com 25 anos. Formado em economia, com mestrado em sociologia e um pouco de experiência musical vinda da infância (começou a aprender violão, violino e guitarra, mas logo percebeu que não tinha vocação para instrumentista e decidiu não se profissionalizar), Bruno mal sabia que dava o primeiro passo para se tornar referência no circuito cultural de uma das principais capitais brasileiras. Pouco tempo depois do encontro dele com o casal de amigos, estava criado o Café com Letras, em uma casa na rua Antônio de Albuquerque, 781, na Savassi.

Dos livros e exposições de arte a mostras de design realizadas no Café com Letras, o mergulho no mundo cultural da capital foi acontecendo aos poucos. A programação musical da casa abriu espaço para DJs e bandas. Os anos iam passando e Bruno tinha cada vez mais ideias para expandir seus negócios. O interesse pelos caminhos culturais também crescia. Ele queria aumentar o movimento, inserir arte nas ruas e impulsionar o comércio local.

Dos Estados Unidos: Brad Shepik é uma das atrações internacionais que já se apresentou em Belo Horizonte (Rafael Luciando/Divulgação/Savassi Festival)
Dos Estados Unidos: Brad Shepik é uma das atrações internacionais que já se apresentou em Belo Horizonte
Com esse desejo começava, nos idos do ano 2000, o Savassi Festival, um evento de música que tem o jazz como principal temática, além de outros estilos. Logo Bruno percebeu que sua empreitada surtiria efeito sobre os mais diferentes públicos. Em sua lembrança, duas cenas ganham destaque. “Vi uns adolescentes, de uniforme de colégio, ouvindo atentamente um músico que tocava jazz na calçada do Café. E no primeiro festival, uma banda de tango foi muito bem recebida pelo público jovem. Foi enigmático e inesperado. São essas pequenas coisas que vão mudando a nossa vida”, comemora.

Consagrados músicos brasileiros e internacionais já se apresentaram no Savassi Festival. No ano passado, o evento chegou a Nova York. “Como os gringos adoram a nossa música, percebi que fazia muito sentido levar gente daqui para apresentar a música instrumental brasileira lá fora. Foi sensacional”, conta Bruno. Além dos shows em clubes de jazz, aconteceram workshops nas universidades de Columbia e Nova York (NYU). Para o próximo ano, está programado um intercâmbio entre professores e alunos brasileiros e americanos, para residências artísticas com foco no jazz. E mm setembro acontece a segunda edição do evento em NY. Logo após, seguem para Londres, para o primeiro Savassi Festival em terras inglesas.

Outro projeto que Bruno tem em mente é a segunda edição do Prêmio Isaias Golgher, desenvolvido com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que premia trabalhos no campo dos estudos judaicos. O nome vem de seu avô, um imigrante que veio da Rússia, foi historiador, escritor e crítico de arte, além de ter realizado trabalhos importantes no mundo da cultura judaica.

Recente morador da praça da Liberdade, no ano passado Bruno expandiu o Café com Letras, abrindo nova unidade dentro do Centro Cultural Banco do Brasil. “O Circuito Cultural está cada dia melhor, com uma programação muito dinâmica. Já a Savassi sofre uma profunda crise após as obras”, analisa. Ele se diverte ao relembrar o início de seu trabalho: “Quando era mais novo, achava que a cultura poderia ter o poder de mudar o mundo”. Quem disse que Bruno está errado?

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